domingo, 22 de novembro de 2009

Sra Borgersen e a Palestina


Como amo demais minhas amigas que além de lindas são super inteligentesleu resolvi postar este e-mail que recebi.A Natália sugeriu que eu corrigisse o que fosse necessário e eu nem sei se há algo a ser corrigido,só sei que se eu mexesse em alguma coisa ,o texto não seria tão verdadeiro.
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Bom galera, nao tenho nenhuma novidade ou nada divertido para contar pra voces. Mas gostaria de compartilhar uma experiencia que acho que vou me lembrar por um bom tempo.

Na minha sala tem um menino de cerca de 20 anos, o Montaser, ele eh palestino e durante muito tempo achei ele um saco. Ele sempre acaba se gabando um pouco por jogar basquete e saber muito noruegues, mais do que os outros. Ele sempre acaba interrompendo ou corrigindo as pessoas e eu achava isso extremamente chato e muito mal educado, por isso, apesar de ele sempre ter me tratado muito bem, sempre fui meio rude com ele. Eu sabia que ele ainda nao trabalhava e que ja morou em varios paises da Europa, com apenas 20 anos. Deduzi entao, que ele gostava de sugar governos que oferecem ajuda aos cidadaos como a Noruega.

Hoje na escola, tivemos que falar um pouco sobre nosso pais. Na vez dele, ele falou varias coisas sobre a Palestina e falou que morava na Faixa de Gaza. Como ficamos curiosos ele acabou, mesmo nao querendo, falando sobre a guerra. Ficamos mais curiosos e ele acabou falando que lah era normal voce ouvir tiroteios ao lado de escolas, enquanto voce esta estudando, e que nove pessoas da familia dele morreram dentro de suas casas durante a guerra. Ele acabou contando que o irmao dele, que foi espancado por israelenses quando crianca (algo assim, nao entendi direito o que aconteceu), quando cresceu encontrou amigos com o mesmo tipo de experiencia e se tornou um extremista. O irmao dele entao, viajou para Israel, com uma bomba amarrada no corpo e se explodiu. (Isso eh muito diferente da nossa realidade? Porque criancas no Brasil veneram traficantes?)

Ele falou que costumava conversar com o irmao dele e tentar mostrar outras coisas, como a possibilidade de sair da faixa de gaza e vir para a Noruega, mas o irmao dele jah era um extremista. Nessa hora comecei a chorar e sai da sala.

Nao eh que agora eu goste do Montaser, queira ser amiga ou sinta pena dele. Mas fiquei extremamente nervosa porque percebi que EU, que me considerava tao sem preconceitos, que me envolvia com Anistia Internacional e o caralho e achava que sabia alguma coisa do mundo, estava sendo extremamente rude com ele soh porque ele nao se encaixava nos meus padroes de educacao, porque deduzi que ele era folgado e gostava de sugar governos. Daih comecei a pensar no que eu realmente sabia sobre ele. Sei que ele joga basquete, eh bom em noruegues e matematica e quer ser engenheiro. Algumas vezes ele se gaba por isso, mas ele tem 20 anos de idade e essas sao provavelmente as unicas realizacoes e perpecticvas que ele teve a vida inteira. Ele eh sozinho, viaja fugindo da guerra desde que tinha 17 anos.
Querem saber o mais engracado? Ele percebeu que eu sai da sala porque comecei a chorar e durante o intervalo veio me cumprimentar e pedir desculpas.

Eu disse uma coisa pro Erik alguns meses atras: "a gente soh fica incomodado ou chocado com o aquilo que temos preconceito". Acho que nunca coloquei isso em pratica.

Bem, eh isso, nao quero dar licao em ninguem. So senti uma necessidade muito grande de compartilhar minha estupidez com voces, pois foi de longe a melhor experiencia que tive desde que sai do Brasil ;)

Muitas saudades de todos!!!
Amo voces.


Natália Salazar Padovan Borgersen

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