segunda-feira, 14 de julho de 2008

Pisca - Pisca



Memórias de Emília - Monteiro Lobato ( Experimentei este trecho no Museu da Língua Portuguesa.Um passeio que recomendo.Em seguida,Pinacoteca e a Megastore da Cultura.Tudo isso acompanhado de uma boa massa e excelente companhia e regado de um bom vinho)
...a vida, Senhor Visconde, é um pisca - pisca.
A gente nasce, isto é, começa a piscar.
Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu.
Piscar é abrir e fechar os olhos - viver é isso.
É um dorme-e-acorda, dorme-e-acorda, até que dorme e não acorda mais.
A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso.
Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia.
pisca e mama;
pisca e anda;
pisca e brinca;
pisca e estuda;
pisca e ama;
pisca e cria filhos;
pisca e geme os reumatismos;
por fim, pisca pela última vez e morre.
- E depois que morre - perguntou o Visconde.
- Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?

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