sexta-feira, 28 de maio de 2010

A tal da trilha sonora



Eu estava aqui pensando em como eu sempre falo que minha vida tem trilha sonora e comento uma série de músicas e tal, quando na verdade, eu passo dias e dias sem ouvir uma única música se quer.
Já tive a época complusiva por música, mas hoje, eu fico com elas na cabeça, assim, sem cd, sem i-pod ou mp3. Imagino uma cena e já adiciono uma música porque acho que assim tudo tem um tom mais dramático. Sou muito chegada em um drama, não na minha vida, claro, na dos outros!
O mais triste, é que por causa da minha nostalgia crônica, eu só consigo pensar em música velha! Se me perguntarem o que eu gosto de ouvir que seja atual, eu não saberia responder. Acho que a coisa mais atual que consta na minha listinha, é Snow Patrol e mesmo assim, porque só conheço uma música.
Ah, tem aquela música bonitinha do Jason Mraz que eu colocava para a Sofia ouvir quando ela estava na barriga.
Anyways, sei lá porque cargas d´água estou com Pixies na cabeça... Tenho uma queda por músicas meio down, então acabei me lembrando do quanto gostava de Portishead, Smiths e outras cositas mais.... Nossa, eu escrevo um conto sobre apagar memórias e na verdade, eu sou pior que museu: adoro visitar as minhas. Fecho os olhos, penso em uma música e “lá vamos nós”. Se eu fosse fazer uma lista de músicas e ao que elas me remetem, não terminaria nunca.
Agora mesmo, com “Wave of Mutilation” na cabeça, me lembro da Vanessa, porque ela também adora Pixies, ai me lembro das circunstâncias em que nos conhemos, há 18 anos atrás e uma memória vai puxando outra, que lembra outra música,que traz outra lembrança.
Houve uma época que eu virei fã de uma banda que nunca chegou a gravar um disco eu acho ( na época não tinha cd!) e se chamava Party up. Me lembrava L-7 porque eu estava naquela época que “tocava” guitarra e queria ser uma “rock-star”, então L-7 era tudo o que eu queria ser... Mesmo ignorando o fato de que eu tocava muito mal, a Ana só sabia cantar “The Cure” e a Kátia só tocava “Exploited” na bateria ( Isso me remete ao Bruno e Thiagão cantando “sex and violence” em Piracaia! Que inferno! Eles nem tinham a banda ainda, que se chamaria “O Dueodeno era meu” com hits como “Videogame não é sapato”) . Bom, não preciso dizer que a esta altura, me lembrei da minha festa de aniversário “surpresa” na qual o “Caimbra Cerebral” tocou com direito a “Maldita Evolução” e tudo mais... Ai, ai...
Se eu ficar aqui lembrando, não termino hoje! Pior é que eu gosto disso...rio sozinha. Talvez eu não queira mesmo apagar nada. Talvez aquelas memórias que eu não curto tanto também tenham um papel a cumprir.
Enfim, a música é meio deprê, embora eu mesma não esteja. Tem cara de “dirigir-sozinha-sem-rumo”.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Regretless



Aline não via a hora de sua encomenda chegar. O novo sucesso no mercado era anunciado em todas as redes de TV várias vezes ao dia, de forma que em pouco tempo após seu lançamento, havia quase esgotado nas lojas do país.
Há muitos anos os cientistas pesquisavam uma forma de viabilizar que as pessoas pudessem apagar certas memórias que consideravam indesejáveis. Na verdade, os estudos em torno do assunto começaram no intuito de amenizar traumas causados por pesadelos recorrentes, que em muitos casos, eram entendidos pelo cérebro como uma terrível lembrança, fazendo com que o paciente desenvolvesse fobias e distúrbios mentais.
No início, a idéia era que o tal apagador de lembranças fosse vendido apenas sob prescrição médica, mas a empresa responsável pela marca do produto conseguiu na justiça o direito de comercializar o regretless - que em Inglês significa “sem arrependimentos” – em todas as lojas de departamento do território nacional.
A campainha toca e Aline corre para atender a porta. Ela rapidamente abre o pacote que imaginava ser maior e finalmente ali está: a solução para anos de sofrimento solitário. Ninguém sabia o que se passava em sua cabeça e o que tanto a afligia. Tinha fantasmas que a assombravam há anos, fazendo com que muitas vezes tivesse até pensado em suicídio, tamanho era seu tormento. Nem mesmo anos de terapia foram capazes de amenizar seus problemas, pois os segredos que escondia, não ousava contar nem a si, muito menos à um desconhecido. Não queria ser julgada por seus erros do passado, pois ter que lidar com eles já era punição suficiente. Ninguém poderia entendê-la.
O aparelho em suas mãos era pouco maior que um telefone, no entanto, seu manual de instruções era gigantesco. Aline estava ansiosa demais para se prender a pequenos detalhes, por isso, atentou apenas às partes destacadas do texto, julgando serem mais importantes, entre elas, as seguintes frases chamavam mais atenção:
- O regreteless só deve ser usado uma única vez por cada usuário sob pena de danos irreversíveis à memória;
- O aparelho deve ser fixado no teto, posicionado acima da cabeça do usuário;
- É de extrema importância que anter de iniciar o procedimento, o usuário anote as lembranças a serem excluidas e de preferência reúna imagens que melhor represente o que deverá ser eliminado;
- Uma vez iniciado o processo, não é possível interrompê-lo ou revertê-lo;
- O processo é indolor;
- O usuário deve manter-se acordado durante o uso do aparelho sob pena de excluir lembranças que não gostaria;
Havia mais uma série de instruções, mas Aline já estava tão acostumada aos comerciais de TV sobre o produto que se sentia completamente capaz de operá-lo sem maiores problemas.
Aline seguiu para o quarto, passando pela sala, onde havia uma coleção de porta-retratos e pensou que ao terminar o procedimento ao qual iria se submeter, sua vida seria perfeita sem todo o arrependimento que carregava e que fazia questão de esquecer.
Chegando ao quarto, Aline subiu na poltrona que ficava ao lado da cama e fixou o aparelho no teto. Calmamente se deitou, deixando a cabeça bem na direção do objeto, respirou fundo e acionou o dispositivo com o controle remoto que segurava nas mãos.
Olhava fixamente para o pedaço de papel com todas as lembranças que queria apagar quando percebeu que partículas coloridas eram expelidas por todos os poros de seu corpo e flutuavam em direção ao teto. Achou a cena bonita e relaxou ao ponto de cair no sono. Não sentia dor... Não sentia nada, apenas uma leveza ao pensar em todo arrependimento saindo de seu sistema e indo para longe, para onde não pudesse mais ferí-la.
Algum tempo depois de ter acionado o aparelho, Aline foi acordada por seu marido e seu filho de dez anos que voltavam de uma partida de futebol.
O menino parecia ter muita coisa para contar e estava feliz. Pulou na cama aos gritos:
- Mamãe, mamãe! Ganhamos o jogo! Foi incrível! Eu fiz dois gols.
Aline olhou para a criança que pulava em sua cama com uma lágrima nos olhos e um sorriso nos lábios:
- Me desculpe, mas quem são vocês? Onde estou?

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Leve


Ando com uma sensação estranha, me sentindo meio avoada como aqueles dias em que o vento para de repente e tudo mais parece parar também. Como se alguém tivesse apertado o “pause” e eu estivesse flutuando sobre o monte de coisas que tenho feito.
Hoje disse a mim mesma ( odeio mim mesma! Soa tão redundante, mas falar só eu me disse ou eu disse a mim fica ainda mais estranho) o quanto estava orgulhosa por estar dando conta ( ai! Gerundismo!) de tantas coisas , mas ao final do dia, percebo que não fiz nada ou que quase não sai do mesmo lugar.
O tempo passa rápido mas as atividades parecem ser realizadas a passos de tartaruga. Será que alguém entende o que estou dizendo?
Me envolvi em vários projetos, quero fazer aquele monte de coisas que passam pela minha cabeça e ao mesmo tempo morro de medo de me enrolar toda e ficar maluca.
Eu me convenço de que vou conseguir... Mudo de idéia, desisto e volto a tentar. Vamos ver onde tudo isso vai dar.
Definitivamente, sinto que estou mais calma e paciente, isso por si só já é um lucro. Percebi isso recentemente quando decidi participar de um concurso literário pra lá de burocrático e a cada dia eu adiciono um novo documento para poder fazer a inscrição. Há uns anos atrás, eu teria desistido só de ler o edital. Esse processo extremamente lento e cansativo, tem sido como uma prova para mim. Quando a noite chega e me dou conta que consegui adicionar mais um item ao projeto eu me sinto como aquela criança que ganhou mais uma estrelinha no caderno da escola.
No fundo, eu sei que não devo ter expectativas em relação a este concurso porque meu livro nada tem a ver com os que costumam ser premiados. Muito provavelmente não se encaixa nos critérios de classificação, mas se eu conseguir ao menos completar esta etapa da inscrição que é tão morosa, com certeza serei capaz de outros feitos.
Talvez para quem não saiba de toda minha história e tudo que já passei, seja difícil entender que eu realmente esteja convencida com a balela de que o que vale mesmo é participar e de fato, isso nunca me convenceu. É exatamente aí que está o “x” da questão: acho que é a primeira vez em toda minha vida que estou feliz de conseguir ao menos participar de algo... Há algumas euforias e depressões atrás, seria impossível: estando eufórica eu perco o foco e peco pelos excessos e deprimida, eu desisto só de pensar, ou seja, todo esse processo é uma vitória.
É isso: um passinho de cada vez, parece que estou conseguindo.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Não gosto do bom gosto



Eu não curto a voz lânguida da Adriana Calcanhoto, acho meio depressiva. No entanto, esta é a segunda vez que ela aparece por aqui, simplesmente porque acho as coisas que ela fala e escreve muito coerentes (e algumas vezes fofinhas!).
Esta música estava no blog da Márcia Tiburi - da qual sou muitíssimo fã - e gostei demais.
P.S.: Tem muita cara de Fernanda! Tenho certeza que ela concordaria comigo! Para vc marida!

Senhas - Adriana Calcanhoto

Eu aguento até rigores
Eu não tenho pena dos traídos
Eu hospedo infratores

e banidos
Eu respeito conveniências
Eu não ligo pra conchavos
Eu suporto aparências
Eu não gosto de maus tratos
Mas o que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto
Eu aguento até os modernos
E seus segundos cadernos
Eu aguento até os caretas
E suas verdades perfeitas
O que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto
Eu aguento até os estetas
Eu não julgo competência
Eu não ligo pra etiqueta
Eu aplaudo rebeldias
Eu respeito tiranias

E compreendo piedades
Eu não condeno mentiras
Eu não condeno vaidades
O que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Não, não gosto dos bons modos
Não gosto
Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem

segunda-feira, 10 de maio de 2010

O fim





Ouvindo the Doors no carro. Trânsito caótico e uma viatura parada na minha frente. Aquelas luzes vermelhas piscando prendem minha atenção e "The End" começa a tocar. Entro em transe, literalmente.
Toda vez que ouço esta música, eu automaticamente viajo no tempo, uns 18 anos no passado:
- Dani, sabe porque eu tenho estas caixas de som embaixo da cama?
A Ana me pergunta ao notar meu espanto ao ouvir a voz do Jim Morrison saindo debaixo da cama dela.
- Eu durmo com ele todos os dias. Somos casados. Deita aí, ouve o Jim.
Me deitei na cama dela, fechei os olhos e Jim Morrison estava lá, cantando ao pé do meu ouvido. Ela tinha caixas de som enormes embaixo da cama e a experiência foi incrível.
"The End" por si só já é uma viagem, de ácido, imagino. O Jim era chegado em Mescalina... Bom, ele era chegado em todas elas.
Volto a viajar. Desta vez estou com um ex-namorado que era vocalista de uma banda de Rock. Eu tenho 15 anos e ele 22.
- Vamos no ensaio de uns amigos meus?
- Tá. O que eles tocam?
- The Doors.
- Vamos.
Chegando ao estúdio eu me sentia toda importante por namorar alguém tão popular na turma ( bom ,turma que na época era o pessoalzinho "underground" que ficava no café Atlântico). Se eu contasse aos meus amigos, todos ficariam com inveja. Eu era a única menina no ambiente. Os músicos, assim como meu namorado, eram mais velhos.
Começaram a tocar "The End" e era a primeira vez que ouvia aquela música. Do meu lado direito, meu namorado escrevia uma música para mim e do lado esquerdo, um rapaz esquentava uma colher de alumínio com um pó branco dentro. No fundo da sala,um outro rapaz preparava uma seringa. Eu nunca havia presenciado uma cena parecida até então.
- Você quer?
E antes que eu pudesse dizer não, meu namorado respondeu:
- NÃO! Ela não quer. Estamos indo embora.
Sempre penso que se tivesse feito escolhas diferentes, não estaria aqui agora. Drogas sempre estiveram ao alcance das mãos. Meu namorado não era exemplo para ninguém, mas era super protetor comigo. Não me deixava beber nem cerveja.
Anos depois, ele foi preso por tráfico de drogas e embora eu soubesse que era usuário, ele nunca fez nada em minha presença.
Penso no Jim novamente. Visitei seu túmulo em Paris com a Ana. Dá uma tristeza pensar em toda a vida que ele tinha pela frente.
Vinte e sete anos. Idade fatídica que também levou Janis Joplin, Jimi Hendrix e Curt Cobain.
Aos 27 eu já havia sido diagnosticada como Bipolar e naquele ano tive crises bem intensas. Se tivesse embarcado na mesma onda que alguns de meus ídolos, com certeza não teria chegado aos 30.
O trânsito andou.
" The blue bus... is calling us"
" Driver, where are you taking us?"
" Ride the snake... Ride the snake..."
Acorda Alice!
A viagem foi quase lisérgica e tudo que precisei foi de uma boa música!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Uma cidade colorida


Esta história foi criada pelo João Pedro.

Era uma vez uma menina chamada Carol. Ela ia todo dia ao parque para desenhar.
A cidade foi crescendo e ficando muito movimentada. Então, ela não via mais o céu azul, só uma fumaça estranha.
Um dia ela teve uma idéia: ela resolveu desenhar muitas árvores numa cidade colorida. Carol colou seus desenhos pela cidade inteira.
Foi aí que todo mundo pensou:
- Vejam como nossa cidade era bonita!
Todos começaram a plantar muitas árvores e a cidade voltou a ficar colorida como era antes!
Até a fumaça estranha desapareceu.

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Digam se meu sobrinho não tem futuro!!!! E ele só tem 7 anos de idade!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Eu quero, eu quero, eu quero!!!!!!

Instructions
by Neil Gaiman



Touch the wooden gate in the wall you never

saw before.

Say "please" before you open the latch,

go through,

walk down the path.

A red metal imp hangs from the green-painted

front door,

as a knocker,

do not touch it; it will bite your fingers.

Walk through the house. Take nothing. Eat

nothing.

However, if any creature tells you that it hungers,

feed it.

If it tells you that it is dirty,

clean it.

If it cries to you that it hurts,

if you can,

ease its pain.

From the back garden you will be able to see the

wild wood.

The deep well you walk past leads to Winter's

realm;

there is another land at the bottom of it.

If you turn around here,

you can walk back, safely;

you will lose no face. I will think no less of you.

Once through the garden you will be in the

wood.

The trees are old. Eyes peer from the under-

growth.

Beneath a twisted oak sits an old woman. She

may ask for something;

give it to her. She

will point the way to the castle.

Inside it are three princesses.

Do not trust the youngest. Walk on.

In the clearing beyond the castle the twelve

months sit about a fire,

warming their feet, exchanging tales.

They may do favors for you, if you are polite.

You may pick strawberries in December's frost.

Trust the wolves, but do not tell them where

you are going.

The river can be crossed by the ferry. The ferry-

man will take you.

(The answer to his question is this:

If he hands the oar to his passenger, he will be free to

leave the boat.

Only tell him this from a safe distance.)

If an eagle gives you a feather, keep it safe.

Remember: that giants sleep too soundly; that

witches are often betrayed by their appetites;

dragons have one soft spot, somewhere, always;

hearts can be well-hidden,

and you betray them with your tongue.

Do not be jealous of your sister.

Know that diamonds and roses

are as uncomfortable when they tumble from

one's lips as toads and frogs:

colder, too, and sharper, and they cut.

Remember your name.

Do not lose hope — what you seek will be found.

Trust ghosts. Trust those that you have helped

to help you in their turn.

Trust dreams.

Trust your heart, and trust your story.

When you come back, return the way you came.

Favors will be returned, debts will be repaid.

Do not forget your manners.

Do not look back.

Ride the wise eagle (you shall not fall).

Ride the silver fish (you will not drown).

Ride the grey wolf (hold tightly to his fur).

There is a worm at the heart of the tower; that is

why it will not stand.

When you reach the little house, the place your

journey started,

you will recognize it, although it will seem

much smaller than you remember.

Walk up the path, and through the garden gate

you never saw before but once.

And then go home. Or make a home.

And rest.

A experiência


Este "causo" tem pelo menos uns três anos, mas eu acho graça até hoje cada vez que me lembro do ocorrido. Talvez a história toda nem seja tão engraçada, ainda mais porque certos fatos terão que ser omitidos aqui ( quem já ouviu esta história, sabe porque!).
Bom, estava eu um tanto eufórica, numa época que arranjei uma série de amigos mais novos e eu me questionava se estava levando a vida que queria, afinal, estando casada há algum tempo e tendo namorado a mesma pessoa desde sempre, eu comecei a querer fazer uma série de coisas que não havia feito quando mais nova, como por exemplo, ir à uma Rave. Era a crise dos 30 chegando, entende? Você passa a querer fazer um monte de coisas antes que comece a ficar muita ridícula! ( "Ai, imagina, aquela mulher já com filho, nessa idade , usando uma mini-saia tão curtinha...")
Enfim, o marido nunca curtiu essas festas, ainda mais tendo que ficar acordado a noite toda no meio de um monte de gente pulando feito doida e ouvindo um som que ele definitivamente não curte ( normal para um ex-headbanger, fã de Joy Division e Motorhead não querer ouvir música eletrônica). Eu também não sou muito chegada, mas queria ver como era.
Combinei com a Kátia que a encontraria no metrô às 19:00 e de lá seguiríamos direto para Campinas ( na fazenda Maeda) , afim de que eu pudesse ouvir os melhores DJ's que tocariam cedo. Era a edição de 10 anos da Experience, eu acho. Chegando no metrô, ela me avisa que o marido dela estava com muito sono e queria dormir antes de ir. Na verdade, tentaram me convencer a ir no dia seguinte, mas eu já estava em SP, louca para ir para a tal da Rave. Passamos no supermercado, fomos para casa dela e eu fiquei esperando o Luis dormir e acordar. Quando saímos de SP, já eram mais de 23:00. Já fiquei chateada, porque um dos DJ's que eu queria ver começava a tocar às 21:00.
Quando chegamos à estrada de terra que levava à fazenda ( ao lado do aeroporto de Viracopos, creio eu) já era madrugada, 1:00. O congestionamento era tanto, que eu sai do carro umas 2 vezes para fazer xixi e não conseguimos andar mais que 200 metros. Não tinha jeito de ir para a frente, muito menos para trás.
Foi então que um cara começou a gritar feito louco, dizendo que não havia mais vagas para estacionar na fazenda, por isso teríamos que deixar por ali mesmo, no começo da estrada.
- Quanto tempo andando até a Rave? - O Luis perguntou.
- Uns 15 minutos.
- Quanto é o estacionamento?
- Vinte "Real".
Deixamos o carro lá mesmo e seguimos pela estrada, sem o menor sinal de que havia alguma coisa acontecendo nos próximos quilometros. Curiosamente, o congestionamento ficou para trás e após 45 minutos andando no breu, com eventuais pessoas e carros passando, ainda não víamos nenhum sinal de Rave. De repente, uma menina aparece chorando, no meio do nada, dizendo que uns caras tinham roubado o carro da amiga dela no caminho da festa. Não fizemos nada, pois estávamos mais preocupados em chegar à Experience antes que alguma coisa pior acontecesse conosco ali no meio do nada, na escuridão total.
Vindo na direção contrária, uma viatura parou ao nosso lado e o policial perguntou se havíamos deixado o carro no estacionamento lá atrás. Dissemos que sim e ele nos informou que todos os carros seriam guinchados porque ali era área da Infraero. Perguntamos quão longe estávamos da Rave e ele nos disse:
- Uns 10 quilometros.
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! Fala sério! Filho da puta do cara do estacionamento! Corremos todo o caminho de volta, completamente esbaforidos para encontrármos o caos: todo mundo tentando tirar seus carros às pressas antes dos guinchos chegarem, era carro amassado para todo lado e os caras do estacionamento, já estavam bem longe naquela hora.
A dúvida então era se voltávamos para SP sem Rave ou tentávamos achar uma vaga lá perto... Bom, eu estava eufórica, lembra? Nem a pau eu voltaria para SP depois de ter chegado tão perto! Toca para Rave, com o Ká caindo aos pedaços mesmo ( literalmente, o parachoque caiu!)
Conseguimos chegar no estacionamento lá pelas 4:00. Era um pasto inclinado e ficamos numa descida. Quando finalmente conseguimos entrar, já eram umas 4:30.
Eu fiquei maravilhada com todas aquelas luzes e cores vibrantes, sem contar que eu nunca tinha visto tanta gente bonita junta! Eu tinha combinado com um outro amigo, o Coxinha ( ele é viciado em coxinha) de nos encontrármos lá. Liguei para ele e nos encontramos na tenda principal. O Skazi ainda estava tocando! Demais! Comecei a pular feito uma pipoca, tal qual o povo mucho loco que estava por lá quando caiu o MAIOR PÉ D´ÁGUA! Nem liguei! Continuei ali, enxarcada, dançando na lama com minhas botas de "Peter Pan" cor de areia... Só que a água era tanta, que as tendas pareciam que iam ceder a qualquer momento. A Kátia conseguiu me achar de novo e disse que queria ir embora. Vejam bem, não fazia nem uma hora que eu tinha entrado na Rave! Eu não queria ir de jeito nenhum... Para mim, era tudo uma festa. Além do mas, seria uma péssima idéia, pois àquela altura, o estacionamento teria virado uma lama só e todo mundo que resolvesse ir embora não conseguiria. Mesmo assim ,ela insistiu. Já estava puta da vida porque seu celular novinho havia se afogado naquela chuva. Não tive escolha, e saímos da Rave por volta das 5:30 (vamos fazer as contas? Eu tinha saído de casa há 12 horas e tudo que consegui foi ficar uma hora lá dentro!).No caminho para o carro, começamos a rir tanto daquela situação ridícula que eu comecei a ficar muito apertada e não havia mais banheiros por ali: uma vez fora da Rave, você não pode mais voltar.
O carro , obviamente estava atolado, bem como todos os "trocentos" outros que tentavam sair. Era um tal de todo mundo empurrar carro para cá e para lá, que em pouco tempo, só o que se via era um montão de gente marrom, todo mundo coberto de lama. E eu, querendo fazer xixi.
- Faz ai fora mesmo, Dani.
- Tá louca? Já está claro, não vou mijar ai fora, na frente de todo mundo!Além do mas, estou completamente molhada, com uma calça jeans skinny que não vai sair nem por decreto.
Comecei a chorar de desespero. Não tinha jeito! Aproveitei que a chuva tinha diminuido um pouco, tirei as botas, tirei as calças ( eu estava com um vestido por cima), amarrei um casaco na cintura, tirei a calcinha também, para facilitar, peguei um guarda-chuva (não sei para que!) e fui atrás de um carro... Ahhhhhh que alívio! Fiz xixi ali mesmo, em pé, na lama! Fiquei mais feliz, mas o frio lá fora estava de matar. O vento gelado na minha roupa ensopada iria fazer um belo estrago. Voltei para o carro, me segurando como podia para não cair na lama (lama escorrega feito sabão, sabia?) e seguimos para SP, finalmente! Eram 9:30 da manhã quando saímos do estacionamento! Isso mesmo, foram 4 horas tentando sair de lá. Mais umas 2 até SP, com o carro empenando e o Luiz pescando no volante. Eu e a Kátia rezando para chegármos interias.
O carro tinha lama até o teto . Eu tinha lama em cada orifício do meu corpo e não me pergunte como! Só a sujeira da minhas unhas deve ter demorado uns 2 dias para sair. Também chovia quando chegamos em SP. Todos imundos, esgotados, loucos por um banho e uma cama quentinha.
O prejuizo foi grande: o carro custou uma nota para ser limpo, a Kátia ficou sem celular e todos gastamos uma grana para nada. Se isso não foi um fiasco total, eu não sei o que seria! Grande Experience!
Nunca mais fui numa Rave, mas ao menos, ganhei uma história para contar.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Bem pequenininhos


Anjo

Sentiu uma fisgada nas escápulas. Olhou para o céu e achou graça que popularmente eram chamadas de "asinhas". Não se arrependeu nem por um segundo: A expressão " Anjo-caído" lhe soava como poesia.

Atitude

Sairam juntos pela primeira vez. Após o jantar, se dirigiram ao seu apartamento. Ela foi tirando toda a roupa, revelando suas belas formas. Ele, assustado com a atitude tão direta, não conseguiu fazer nada. Nada mesmo!

Outono

Mais uma vez elas se vão. Voam com o vento, tomando seu destino, sem rumo, livres. Ela fica ali, estática, fincada como sempre. Inveja cada uma delas, amaldiçoando o outono.