quarta-feira, 29 de julho de 2009

*A Vingança de Olívia* Conto integrante da antologia do 1º Concuros literário de contos de Porto Seguro*


Mais um texto meu será publicado!Essa sensação é muito boa.É o terceiro desde comecei a participar de concursos literários no ano passado:

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"A vingança é um prazer que dura apenas um dia; a generosidade, um sentimento que pode trazer felicidade para sempre." ( Friedrich Ruckert )
Se esse tal de Friedrich tivesse conhecido Olívia,certamente mudaria sua frase para: “A vingança é um prazer que dura vários dias e que pode ser saboreado eternamente”
Não estou falando da velha Olívia,aquela pessoa tão pacata que na maioria das vezes passava completamente despercebida onde quer que fosse.Não,a velha Olívia,nunca se aventurou ou se arriscou .A velha Olívia desconhecia a palavra “vingança”.
Desde a infância, Olívia sempre fora uma menina quieta,introvertida e de poucos amigos,mas entre eles, estava Cíntia,amizade conservada até sua vida adulta.
Olívia teve alguns namorados e como toda mulher,também teve algumas desilusões.
Estudou Administração na USP e pouco tempo depois de ter saído da Faculdade,passou em um concurso público como auxiliar administrativo.Tal estabilidade,proporcionou à Olívia uma vida confortável,sem muito luxo,mas também sem muitos problemas.Aos 28 anos,orgulhava-se de ter suas contas sempre em dia e de poder se manter sozinha num apartamento próximo à estação Sumaré.
Cíntia sempre foi visita constante no apartamento,principalmente quando as duas resolviam ir ao cinema ou à algum show na Vila Madalena.Morando do outro lado da cidade e sem ter carro,Cíntia acabava ficando com Olívia nos finais de semana.
Certo dia,quando conferia sua fatura do cartão de crédito,Olívia quase enfartou ao notar que o total de sua conta havia triplicado em relação ao último mês: Compras em lojas de grife,casas noturnas, produtos eletrônicos de última geração e aulas de Frevo????
“Cíntia,isso não é possível!Como tudo isso veio parar no meu cartão? – Perguntava indignada à amiga ao telefone
“Calma,amiga!Seu cartão deve ter sido clonado.Liga na operadora,explica o que aconteceu e já cancela o cartão” – Aconselhou a amiga.
“Sim,sim!Isso mesmo.Vou ligar e já cancelo esta porcaria!Onde já se viu!Aulas de frevo!Não vou pagar por tudo isso” – E assim que desligou o telefone,Olívia imediatamente ligou para a operadora de seu cartão de crédito:
“Como assim eu tenho que pagar?... Moça,você não está entendendo,meu cartão foi clonado...eu sei,eu sei,mas não vou pagar pelas coisas que outra pessoa está usando...Tudo bem,eu vou providenciar estes documentos e volto a ligar”
Conclusão: Para cancelar seu cartão,Olívia teria que quitar seus débitos ,entrar com um pedido de revisão da fatura e provar que não havia feito tais compras,só então ela teria seu dinheiro ressarcido após um processo que poderia levar de 30 à 45 dias .
Foi então que no auge de sua revolta,Olívia ligou para Cíntia pedindo que fosse encontra-la pois queria deixa-la a par de sua idéia.
“Olívia,isso é loucura!Você não pode fazer isso” – Disse Cíntia após ouvir o plano maluco da amiga.
“Como não?Essa mulher – suponho que seja uma mulher – está levando uma vida muito mais interessante que a minha usando meu nome.Eu tenho que conhece-la antes de cancelar o cartão.Quero ver até onde ela vai com essa mentira.Por isso vou me inscrever naquelas aulas de Frevo que ela freqüenta” – e assim,no dia seguinte,lá estava Olívia na academia de dança,ansiosa pelo que estava por vir.
“Nome,por favor?”
“Olí....O....Odete!Isso,Odete Cabral”
“Forma de pagamento?
“Dinheiro.Olha,uma amiga minha me indicou a academia só que ela esqueceu de me dizer o horário que ela fazia.Você poderia me informar?O nome dela é Olívia Palmieri”
“Que coincidência,ela faz no próximo horário,a aula começa em 15 minutos.Você já vai querer começar?”
“É mesmo!Nossa,incrível essa coincidência!Hoje só vou olhar,obrigada.
Durante os 15 minutos que se passaram,Olívia se perguntava quem seria a impostora e se conseguiria identifica-la facilmente.O que diria à ela?
Quando a aula começou,Olívia que estava sentada apenas assistindo à aula teve uma imensa vontade de gritar seu nome para ver se alguém iria responder,no entanto,não foi preciso,a falsa Olívia parecia ser a aluna mais popular da sala.Todos pareciam saber seu nome e por incrível que pareça,Olívia,agora Odete,também havia se afeiçoado à impostora.Seja qual fosse seu verdadeiro nome,a outra era uma pessoa cheia de vida,uma pessoa que esbanjava alegria,alguém que a própria Olívia gostaria de ser.Quando a aula terminou havia uma certa euforia e parecia que os alunos estavam combinando de ir até um barzinho ali perto.Olívia não se fez de rogada e logo se apresentou.Apertou a mão de sua “clone” com um sorriso no rosto e logo fora chamada para se juntar ao grupo.
Nas horas que seguiram,Olívia percebeu que nunca havia se divertido tanto.Parecia que conhecia a tal impostora há anos.Imaginava se teria coragem de desmascara-la na frente de todos.Contaram piadas,descobriram o quanto não tinham em comum e falaram de planos para o futuro.Na hora de pagar,a cara-de-pau,sem-vergonha ainda se ofereceu para pagar a conta da mesa!Com cartão de crédito clonado, obviamente.
Durante o tempo que conversaram Olívia ficou sabendo que a “clone” – como passou a chamá-la mentalmente- havia comprado uma passagem para o carnaval de Olinda naquele mesmo dia.O Carnaval começava em uma semana e durante uma semana,a “clone” tentou convencer Olívia,ou Odete,como era conhecida,a viajar com ela,tamanha “amizade” que haviam feito.Olívia disse que não poderia por conta do trabalho.
Cíntia não acreditava que Olívia não havia denunciado a impostora.Na verdade, achava que essa amizade das duas era uma loucura.Mal sabia ela que de louca Olívia não tinha nada e que a amiga já tinha um plano nas mangas e para que tal plano fosse executado,Olívia havia convencido a melhor amiga a ficar com seu cartão de crédito durante o carnaval para que ela fizesse pequenas compras em seu nome,compras de valores insignificantes.
No dia da viagem,Olívia,a verdadeira,se apresentou ao balcão da companhia aérea com bastante antecedência e alertou a polícia de que uma outra mulher tentaria embarcar usando seu nome.
Algum tempo depois,lá estava ela,a “clone”.Olívia nunca se esquecerá da expressão de felicidade ao ver a nova ex-amiga no aeroporto e ainda mais inesquecível era a expressão de desespero e decepção ao perceber que havia sido desmascarada.
Olívia embarcou no avião com a imagem da “clone” sendo levada pelos policiais.Não sentiu remorso.Sentia que havia ficado mais esperta depois dessa experiência .
Quando voltou de Olinda,era outra pessoa.Pensou até em agradecer à Ivone - verdadeiro nome da impostora – pelo melhor carnaval de sua vida: Arranjou até um namorado!
E quando então a nova fatura do cartão de crédito chegou,com compras efetuadas em em São Paulo no período em que estava me Pernambuco,Olívia entrou com o processo de ressarcimento junto à operadora do cartão de crédito ,informou sobre a prisão de Ivone e conseguiu seu dinheiro de volta.Essa foi a melhor vingança que poderia ter: Aproveitar a vida ao máximo,namorar muito e viajar sempre que possível.Esta é a nova Olívia.

terça-feira, 28 de julho de 2009

TRAUMA


Às vezes me questiono se deveria me expor tanto aqui,afinal qualquer um pode usar meus textos seja para o que for,mas depois me dou conta que quase ninguém se dá ao trabalho de ler o blog e mesmo que lessem,não há muito que uma pessoa poderia saber ao meu respeito que não poderia descobrir em 30 minutos de conversa.
Bom,trauma,é esse o assunto.Todo mundo deve ter os seus e recentemente eu me dei conta do quanto um trauma pode ditar suas escolhas e seu ponto de vista.Eu fiz terapia no intuito de conseguir amenizar o que alguns traumas me causam e terapia de fato ajuda a fazer com que você consiga lidar com eles,mas não acredito que haja algo que possa fazer com que eles simplesmente desapareçam da sua história ou que deixem de ter uma importância significativa em tudo que você faz.Eu procuro não pensar muito nos meus,mas de tempos em tempos eles voltam como aqueles fantasmas que ficam no armário esperando para te assombrar.Não vou entrar em detalhes,mas sei que existem coisas que eu pretendo nunca mais fazer com medo de passar pelo que já passei.A mera idéia de passar por certas coisas novamente já me abala de tal forma,que choro e tento descobrir um jeito de que essas lembranças não continuem me machucando tanto .A maioria dos meus traumas está ligada à minha família,o que é muito triste.Sei que não passei por nenhum experiência tão terrível quanto de outras pessoas,mas o simples fato de ter crescido numa família que nunca conseguiu se adaptar à própria estrutura familiar já causa bastante estrago.Hoje,morando em casas separadas é mais fácil lidar com tudo e não é segredo que hoje sou muito mais próxima à minha mãe do que jamais fui quando morávamos juntas,o que não é difícil sendo minha mãe a pessoa mais extraordinária que conheço.Nunca fui muito próxima do meu pai e hoje não é diferente.Minha irmã daria um livro á parte.Uma coisa é certa,nunca mais viajo com ela e isso é fato.Se eu tentar explicar meus motivos à ela,obviamente ela vai achar que estou exagerando ,que não a amo mais e no entanto é só uma questão de auto-preservação.Nunca existiu uma única vez que viajamos que não houvesse stress,brigas,drama ...Não quero mais isso se ela parece não ser capaz de mudar esse comportamento.
Outra coisa que percebi é que por ser filha de pais separados e ter todo um histórico de brigas familiares,sempre me pareceu óbvio que nenhum relacionamento que eu tivesse pudesse durar,pois o natural para mim é que as pessoas envolvidas cheguem ao ponto de não conseguirem mais conviver no mesmo ambiente....Mas o curioso é que para pessoas que sempre tiveram harmonia em casa e uma boa estrutura familiar,esse tipo de pensamento nem passa por suas cabeças.
Enfim,o texto abaixo foi escrito em agosto de 1994 e tem a ver com o que se passa na minha cabeça atualmente.

A MENINA

Aqui tá muito estranho.
Essa luz não está clareando o que devia clarear.
Tá tudo escuro
Lá no fundo eu vejo uma menina triste
Em sua testa tem um ponto de interrogação
Ela chora por dentro e lá dentro dói
Aparentemente ela disfarça bem sua dor
Ela vai levando a vida.Doída...
Doendo,morrendo
Não sabe pra onde
Nem porquê
Mas ela olha para o lado
Vê alguém e sorri
Só para não perder o costume
Porque isso a faz feliz
Ver pessoas vivas e transparentes
No seu caminho existem muitas pessoas assim
Mas não são seus porquês
Na verdade ela só não desiste por essas pessoas
Também ela acha que alguém no fundo até lhe de algum valor
Mas ela não se importa
Ela está muito ,muito machucada e doente
Tudo só aumenta com o tempo
Não vai desaparecer
Mesmo que aparentemente as coisas melhorem
As marcas são profundas demais
E vão continuar com ela para sempre
Como castigo de algo que ela não cometeu
Só que agora ela está indo embora
Tem que continuar a seguir seu caminho doloroso e feliz e sem sentido
Mas ela sabe de uma coisa:As pessoas sofridas são mais perigosas
Porque sabem que podem sobreviver.
E é assim que ela vai...
Sobrevivendo...
Tchau ,Dani.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Menininha


Nossa,tem dias que a saudade dói tanto ....Você não sabe o que fazer para amenizar esse sentimento,então procura coisas que o fazem lembrar ainda mais a pessoa que está longe,então a saudade parece aumentar ainda mais.
Eu tenho chorado à toa,como toda mulher que está grávida...uns dias mais,outros menos,mas cada vez que lembro de tudo que está por vir e do quanto minha mãe faz falta aqui,aínão tem jeito,choro,choro...
Essa semana tudo começou quando eu estava ouvindo "I have a dream" do ABBA,trilha sonora do filme Mama Mia,ai eu lembrei de quando fui no cinema com a Andressa e ela começou a chorar na cena que a Meryl Streep ajuda a filha a se preparar para o casamento...ela disse enquanto chorava: "ah...eu eu nem tenho uma menina!" Ai ,no carro,enquanto ouvia a música me dei conta que eu vou ter uma menina...
Ontem eu fui na casa da minha irmã e recuperei um dos meus brinquedos favoritos :minha mamãezinha....ela tem uma cadeira de balanço que toca uma música de ninar...me emocionei quando ouvi a música...
Então,para aumentar ainda mais a saudade,lembrei da música do Vinícius e Toquinho que tinha na trilha sonora da Arca de Noé,trilha sonora obrigatória em casa.Minha mãe cantava para mim quando pequena...Ai as lágrimas não páram,mesmo agora,enquanto escrevo...Aguenta coração.

Menininha

Menininha do meu coração
Eu só quero você
A três palmos do chão
Menininha não cresça mais não
Fique pequenininha na minha canção
Senhorinha levada
Batendo palminha
Fingindo assustada
Do bicho-papão

Menininha, que graça é você
Uma coisinha assim
Começando a viver
Fique assim, meu amor
Sem crescer
Porque o mundo é ruim, é ruim e você
Vai sofrer de repente
Uma desilusão
Porque a vida é somente
Teu bicho-papão

Fique assim, fique assim
Sempre assim
E se lembre de mim
Pelas coisas que eu dei
Também não se esqueça de mim
Quando você souber enfim
De tudo o que eu amei.