quarta-feira, 20 de junho de 2012

Liberdade

Somos realmente livres? Acredito que o senso comum quando se fala em liberdade é que só é livre quem faz o que quer, no entanto, se fizéssemos apenas o que queremos o que teríamos seria uma anarquia mais ou menos regida pela lei de Talião (Olho por olho...). Em um mundo onde as pessoas fazem o que querem, não existiria lei que garantisse que cada um usufruísse da sua liberdade como bem entendesse, ou seja, regras existem para que nossa liberdade seja garantida. Particularmente, tenho sérias dificuldades com as palavras, regras, leis, obrigações, rotinas... E obviamente, acreditava que me comprometer com o que quer que fosse, era uma forma de talhar minha tão sonhada liberdade. Liberdade nada tem a ver com poder fazer o que quiser, sem dar satisfações ou se preocupar com as conseqüências, é justamente o oposto: Liberdade tem a ver com escolhas, e claro, com renúncias. Só é livre quem consegue fazer suas escolhas de forma consciente e ser responsável pelas conseqüências que estas irão gerar. Agir de forma inconseqüente, sem se preocupar com possíveis danos no caminho não é ser livre, é ser infantil e até onde sei, crianças podem ser puras, mas não são livres. Diz Aristóteles que é livre aquele que tem em si mesmo o princípio para agir ou não agir, isto é, aquele que é causa interna de sua ação ou da decisão de não agir. Estou pensando nisso depois de ouvir uma amiga citando Dalai Lama: “esta ação irá lhe proporcionar felicidade ou prazer?” Para mim as duas coisas estavam intrinsecamente ligadas, pois sempre acreditei que fazendo o que me desse prazer eu seria extremamente feliz e talvez, a verdade não esteja tão longe disso, mas a questão é um pouco mais complexa se considerarmos o prazer como algo momentâneo, efêmero e felicidade como um sentimento mais profundo e duradouro. O óbvio seria: sou feliz em sentir prazer e quem não concordaria? Mas novamente, fazendo apenas o que nos apetece, certamente estaríamos ferindo a liberdade de terceiros, não é mesmo? Sei que é cômodo para muitos acreditarem que não são livres, mas a verdade é que ter que lidar com as conseqüências de nossas escolhas não é algo fácil e nem sempre agradável. É mais fácil não tomarmos decisão alguma sob pena de ter que lidar com um furacão de sensações desagradáveis lá na frente, mas em não tomar decisão alguma, você já fez uma escolha, então pode considerar-se livre. Se não sente assim, mais uma vez, de alguma forma suas escolhas o levaram onde está hoje, ou seja, escolheu, renunciou, ninguém o obrigou? Mesmo acreditando nos valores sob os quais foi educado, ainda assim escolheu fazer algo que vão contra os seus princípios? Conhecia as conseqüências e sabe lidar com elas, parabéns, você é realmente livre!

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