domingo, 19 de abril de 2009

O CASÓRIO


26 de outubro de 2002.Lindo dia para um casamento: dia fresco e ensolarado.
Acho que por menos romântica que eu possa ser,tenho certeza que minha idéia de simplicidade não passava nem perto do que eu estava prestes a vivenciar.
Resolvemos casar no civil no próprio cartório e depois fazer uma pequena recepção só para os familiares e amigos mais próximos.Minha idéia de casar no cartório (além obviamente do orçamento limitado) era de fazer algo simples,prático e rápido.Claro que que se eu tivesse escolha ($$$$) minha opção seria por um almoço num belo jardim e uma cerimônia simples com alguns músicos....Bom,não havia essa opção.
Lá fomos nós para o cartório,no centro da cidade.Eu no meu terninho branco sequinho,super clean e os convidados igualmente vestidos de acordo com a ocasião.No entanto,ao chegármos ao cartório não posso negar que minha surpresa foi enorme ao me defrontar com uma cena que o próprio Caco Antibes (Sai de baixo) descreveria como a "Visão do inferno".Veja bem,não estou sendo irônica nem desdenhando meu próprio casamento,mas tenho que confessar que qualquer idéia romântica que tenha passado pela minha cabeça,havia morrido no momento que cruzamos o salão principal.Começando pela enorme fila e senha que tinhamos que enfrentar até que chegasse o momento de sermos chamados para entrar na sala do Juiz.Nossa,eu não conseguia ficar lá dentro....aquele cheiro de naftalina estava insuportável.Para muitas pessoas ali,aquele era realmente um momento único,digno de sua melhor roupa e assim sendo,não faltaram mangas bufantes de cetim rosa,tules esvoaçantes e tudo mais que poderia ser salvo da última festa de 15 anos ou formatura e muita naftalina.Os penteados também dariam um parágrafo à parte.
Resolvi esperar do lado de fora,no sol mesmo.Não lembro quanto tempo se passou até que nossa senha fosse chamada:toca a enfiar todo mundo na sala do Juiz,entra um,entra outro,sentamos prontos para começar o tal evento e qual não foi a nossa surpresa quando ao contármos as testemunhas percebemos que uma delas não estava lá!Sim,meu pai havia sumido!Toca todo mundo pra fora da sala do Juiz,perdemos a vez,tinhamos que esperar outra senha.Eu obviamente preocupada com meu pai que havia desaparecido.Mil idéias cruzaram minha mente: será que teve uma dor de barriga e foi ao banheiro?será que passou mal?Por que não havia avisado ninguém?Nenhuma idéia que eu pudesse ter poderia ser tão absurda quanto a realidade:MEU PAI HAVIA SUMIDO PORQUE FOI JOGAR NA LOTERIA!Isso mesmo,num dos dias mais importantes da minha vida,meu pai simplesmente saiu andando porque precisava jogar na loteria.
Não preciso nem dizer que quando ele apareceu com a cara mais lavada do mundo,depois de termos perdido nossa vez,minha reação foi de querer matá-lo.Mas esse é meu pai,uma pessoa assim,meio sem noção....tem que ser sem noção para abandonar a filha no próprio casamento para procurar uma casa lotérica...
No final,nos casamos e deu tudo certo.Teria sido uma casamento comum se não fosse pelas pessoas tão incomuns que fazem parte da minha família,começando por mim,que de comum também não tenho nada.
Cada pessoa nessa minha família daria uma capítulo de um livro.Vou tentar escrever mais na medida que for me lembrando desses "causos".

Um comentário:

Dani Marino disse...

Que fique claro que meu pai não acertou nem a quina nesse dia!