sexta-feira, 8 de julho de 2011

Filosofia de boteco e a tal da relevância


Entre os vários fatores que me impediram de escrever por algum tempo (e que provavelmente continuarão impedindo) estão a consciência da falta de relevância do que eu tenho a dizer e principalmente a sensação de que sendo um clichê ambulante ( já que a vida é um baita clichê) eu não vou acrescentar nada de novo à vida de ninguém , ao menos nada que ninguém já não tenha ouvido de alguma outra forma, porque se existe uma coisa que nunca acaba é a imensa quantidade de perguntas que podem ser respondidas por qualquer guru de auto-ajuda, psicologia de coluna de revista ou conversa filosófica de boteco.
Enfim, nada disso muda o fato de que eu precisava escrever. Precisava escrever sobre minhas constatações, as quais demorei tanto para relatar que já nem me lembro mais do que se tratavam... Acho que a maioria era sobre relacionamento: sempre aprendo alguma coisa nova à respeito.
Sim, de fato, uma delas era a seguinte: há 18 anos eu escuto de todo mundo o quanto eu tenho sorte de ter encontrado um homem tão maravilhoso. Ouço o tempo todo o quanto meu marido deve ser um santo, um anjo, um príncipe encantado para estar comigo há tanto tempo e ainda por cima se mostrar apaixonado, carinhoso, etc, etc, etc... E sim, ele é mesmo tudo isso, mas HELLO!!!! E eu aqui? Ninguém NUNCA parou para pensar que com a quantidade absurda de meninas lindas disponíveis, com a concorrência totalmente desleal que existe hoje em dia, homens como ele poderiam ter quem quisesse, ou pelo menos, muitas outras mais bonitas, mais dedicadas, menos loucas.... Homens hoje em dia não precisam fazer o menor esforço para conseguir alguém. Mulheres caem literalmente do céu diretamente em suas camas. Bom, voltando à minha pessoa, eu resolvi me dar algum mérito, afinal, se alguém escolheu estar comigo e agüentar todas as minhas neuroses, eu devo ter algum valor neste mundo. Ele deve ter visto algo em mim que não acredite ser possível achar em outra pessoa e acreditem ou não, ele me ama deste meu jeito torto e como todos sabem, o amor é cego mesmo... Mas até o amor tem seu limite se o objeto de sua afeição não tiver nada que você acredite valer a pena, não é mesmo? Então é isso, uma das minhas constatações é que eu VALHO A PENA PRA CARAMBA!
Bom, outra coisa é sobre a vida em si. Acabei de assistir uma comédia com a minha mãe, ri muito e depois de deixá-la em casa após muita filosofia pós- cinema, eu fiz todo o caminho aos prantos! Por que???? Porque parte da conversa no carro era justamente sobre a nossa percepção do quanto a vida é curta e que principalmente depois de certa idade, a sensação que se tem é que a morte está logo ali e que não queremos partir, simples assim, mas este diálogo me lembrou de que um dia eu terei que lidar com o fato de que as pessoas que eu amo tanto, não estarão mais aqui. É uma merda perceber que um bom tempo já passou e que você ainda não fez tudo o que gostaria nem adquiriu tudo que sonhou, mas é uma merda ainda maior perceber que o tempo está passando e você não está aproveitando sua vida ao lado das pessoas que realmente importam para você. Se você ama alguém, então talvez entenda que muito melhor do que poder dizer que já esteve em Paris, é poder dizer que esteve em Paris ao lado de alguém que realmente ame. Eu mesma trocaria mil viagens à qualquer lugar do mundo por muitas idas ao cinema com a minha mãe, muitas festas juninas com minha família, muitas baladas e conversas fiadas com minhas amigas e muitos finais de semana assistindo filme com o marido enquanto a bebê rouba nosso garfinho do fondue de queijo.
É tudo muito piegas, tudo muito “Não tem preço”, mas é o que tenho sentindo há algum tempo. Estou cansada de não ter minha mãe aqui por perto para podermos fazer coisas bobas como morrer de rir à toa e cada dia que passa eu me convenço mais que a felicidade é mesmo feita de momentos felizes, como um vinho com as amigas, chat tarde da noite com aquele amigo nerd que você adora e que lê seus posts idiotas mesmo sendo idiotas, a gargalhada da bebê, a piada sarcástica do marido, a balada desastrosa com a amiga de infância... É isso, é fácil, é barato... Mas por alguma razão, nos convencemos sempre que a felicidade é alguma outra coisa. Psicologia de filme barato, filosofia de blog, terapia de boteco... Se funciona para mais alguém, eu não sei, mas funciona para mim: parei de chorar.

4 comentários:

Andressa Mesquita disse...

Como disse amiga, o seu comentário mudou completamente a minha percepção. A barriga pode não ser a mesma e o peitinho longe de ser um peitão, mas da próxima vez que alguém falar que o marido é maravilhoso eu direi: Sem dúvidas, mas é só porque EU sou maravilhosa também!!!

Andressa Mesquita disse...

Em tempo, "a balada desastrosa com a amiga de infância"......hummm quem será??!

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Malu disse...

QUE LINDO!
Funcionou para mim também.
O fato da publicidade e da auto-ajuda de quinta terem se apropriado dessas imagens não as torna menos verdadeiras...
Legal que vc voltou a postar!
beijoca,