terça-feira, 28 de julho de 2009

TRAUMA


Às vezes me questiono se deveria me expor tanto aqui,afinal qualquer um pode usar meus textos seja para o que for,mas depois me dou conta que quase ninguém se dá ao trabalho de ler o blog e mesmo que lessem,não há muito que uma pessoa poderia saber ao meu respeito que não poderia descobrir em 30 minutos de conversa.
Bom,trauma,é esse o assunto.Todo mundo deve ter os seus e recentemente eu me dei conta do quanto um trauma pode ditar suas escolhas e seu ponto de vista.Eu fiz terapia no intuito de conseguir amenizar o que alguns traumas me causam e terapia de fato ajuda a fazer com que você consiga lidar com eles,mas não acredito que haja algo que possa fazer com que eles simplesmente desapareçam da sua história ou que deixem de ter uma importância significativa em tudo que você faz.Eu procuro não pensar muito nos meus,mas de tempos em tempos eles voltam como aqueles fantasmas que ficam no armário esperando para te assombrar.Não vou entrar em detalhes,mas sei que existem coisas que eu pretendo nunca mais fazer com medo de passar pelo que já passei.A mera idéia de passar por certas coisas novamente já me abala de tal forma,que choro e tento descobrir um jeito de que essas lembranças não continuem me machucando tanto .A maioria dos meus traumas está ligada à minha família,o que é muito triste.Sei que não passei por nenhum experiência tão terrível quanto de outras pessoas,mas o simples fato de ter crescido numa família que nunca conseguiu se adaptar à própria estrutura familiar já causa bastante estrago.Hoje,morando em casas separadas é mais fácil lidar com tudo e não é segredo que hoje sou muito mais próxima à minha mãe do que jamais fui quando morávamos juntas,o que não é difícil sendo minha mãe a pessoa mais extraordinária que conheço.Nunca fui muito próxima do meu pai e hoje não é diferente.Minha irmã daria um livro á parte.Uma coisa é certa,nunca mais viajo com ela e isso é fato.Se eu tentar explicar meus motivos à ela,obviamente ela vai achar que estou exagerando ,que não a amo mais e no entanto é só uma questão de auto-preservação.Nunca existiu uma única vez que viajamos que não houvesse stress,brigas,drama ...Não quero mais isso se ela parece não ser capaz de mudar esse comportamento.
Outra coisa que percebi é que por ser filha de pais separados e ter todo um histórico de brigas familiares,sempre me pareceu óbvio que nenhum relacionamento que eu tivesse pudesse durar,pois o natural para mim é que as pessoas envolvidas cheguem ao ponto de não conseguirem mais conviver no mesmo ambiente....Mas o curioso é que para pessoas que sempre tiveram harmonia em casa e uma boa estrutura familiar,esse tipo de pensamento nem passa por suas cabeças.
Enfim,o texto abaixo foi escrito em agosto de 1994 e tem a ver com o que se passa na minha cabeça atualmente.

A MENINA

Aqui tá muito estranho.
Essa luz não está clareando o que devia clarear.
Tá tudo escuro
Lá no fundo eu vejo uma menina triste
Em sua testa tem um ponto de interrogação
Ela chora por dentro e lá dentro dói
Aparentemente ela disfarça bem sua dor
Ela vai levando a vida.Doída...
Doendo,morrendo
Não sabe pra onde
Nem porquê
Mas ela olha para o lado
Vê alguém e sorri
Só para não perder o costume
Porque isso a faz feliz
Ver pessoas vivas e transparentes
No seu caminho existem muitas pessoas assim
Mas não são seus porquês
Na verdade ela só não desiste por essas pessoas
Também ela acha que alguém no fundo até lhe de algum valor
Mas ela não se importa
Ela está muito ,muito machucada e doente
Tudo só aumenta com o tempo
Não vai desaparecer
Mesmo que aparentemente as coisas melhorem
As marcas são profundas demais
E vão continuar com ela para sempre
Como castigo de algo que ela não cometeu
Só que agora ela está indo embora
Tem que continuar a seguir seu caminho doloroso e feliz e sem sentido
Mas ela sabe de uma coisa:As pessoas sofridas são mais perigosas
Porque sabem que podem sobreviver.
E é assim que ela vai...
Sobrevivendo...
Tchau ,Dani.

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