quinta-feira, 6 de maio de 2010

A experiência


Este "causo" tem pelo menos uns três anos, mas eu acho graça até hoje cada vez que me lembro do ocorrido. Talvez a história toda nem seja tão engraçada, ainda mais porque certos fatos terão que ser omitidos aqui ( quem já ouviu esta história, sabe porque!).
Bom, estava eu um tanto eufórica, numa época que arranjei uma série de amigos mais novos e eu me questionava se estava levando a vida que queria, afinal, estando casada há algum tempo e tendo namorado a mesma pessoa desde sempre, eu comecei a querer fazer uma série de coisas que não havia feito quando mais nova, como por exemplo, ir à uma Rave. Era a crise dos 30 chegando, entende? Você passa a querer fazer um monte de coisas antes que comece a ficar muita ridícula! ( "Ai, imagina, aquela mulher já com filho, nessa idade , usando uma mini-saia tão curtinha...")
Enfim, o marido nunca curtiu essas festas, ainda mais tendo que ficar acordado a noite toda no meio de um monte de gente pulando feito doida e ouvindo um som que ele definitivamente não curte ( normal para um ex-headbanger, fã de Joy Division e Motorhead não querer ouvir música eletrônica). Eu também não sou muito chegada, mas queria ver como era.
Combinei com a Kátia que a encontraria no metrô às 19:00 e de lá seguiríamos direto para Campinas ( na fazenda Maeda) , afim de que eu pudesse ouvir os melhores DJ's que tocariam cedo. Era a edição de 10 anos da Experience, eu acho. Chegando no metrô, ela me avisa que o marido dela estava com muito sono e queria dormir antes de ir. Na verdade, tentaram me convencer a ir no dia seguinte, mas eu já estava em SP, louca para ir para a tal da Rave. Passamos no supermercado, fomos para casa dela e eu fiquei esperando o Luis dormir e acordar. Quando saímos de SP, já eram mais de 23:00. Já fiquei chateada, porque um dos DJ's que eu queria ver começava a tocar às 21:00.
Quando chegamos à estrada de terra que levava à fazenda ( ao lado do aeroporto de Viracopos, creio eu) já era madrugada, 1:00. O congestionamento era tanto, que eu sai do carro umas 2 vezes para fazer xixi e não conseguimos andar mais que 200 metros. Não tinha jeito de ir para a frente, muito menos para trás.
Foi então que um cara começou a gritar feito louco, dizendo que não havia mais vagas para estacionar na fazenda, por isso teríamos que deixar por ali mesmo, no começo da estrada.
- Quanto tempo andando até a Rave? - O Luis perguntou.
- Uns 15 minutos.
- Quanto é o estacionamento?
- Vinte "Real".
Deixamos o carro lá mesmo e seguimos pela estrada, sem o menor sinal de que havia alguma coisa acontecendo nos próximos quilometros. Curiosamente, o congestionamento ficou para trás e após 45 minutos andando no breu, com eventuais pessoas e carros passando, ainda não víamos nenhum sinal de Rave. De repente, uma menina aparece chorando, no meio do nada, dizendo que uns caras tinham roubado o carro da amiga dela no caminho da festa. Não fizemos nada, pois estávamos mais preocupados em chegar à Experience antes que alguma coisa pior acontecesse conosco ali no meio do nada, na escuridão total.
Vindo na direção contrária, uma viatura parou ao nosso lado e o policial perguntou se havíamos deixado o carro no estacionamento lá atrás. Dissemos que sim e ele nos informou que todos os carros seriam guinchados porque ali era área da Infraero. Perguntamos quão longe estávamos da Rave e ele nos disse:
- Uns 10 quilometros.
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! Fala sério! Filho da puta do cara do estacionamento! Corremos todo o caminho de volta, completamente esbaforidos para encontrármos o caos: todo mundo tentando tirar seus carros às pressas antes dos guinchos chegarem, era carro amassado para todo lado e os caras do estacionamento, já estavam bem longe naquela hora.
A dúvida então era se voltávamos para SP sem Rave ou tentávamos achar uma vaga lá perto... Bom, eu estava eufórica, lembra? Nem a pau eu voltaria para SP depois de ter chegado tão perto! Toca para Rave, com o Ká caindo aos pedaços mesmo ( literalmente, o parachoque caiu!)
Conseguimos chegar no estacionamento lá pelas 4:00. Era um pasto inclinado e ficamos numa descida. Quando finalmente conseguimos entrar, já eram umas 4:30.
Eu fiquei maravilhada com todas aquelas luzes e cores vibrantes, sem contar que eu nunca tinha visto tanta gente bonita junta! Eu tinha combinado com um outro amigo, o Coxinha ( ele é viciado em coxinha) de nos encontrármos lá. Liguei para ele e nos encontramos na tenda principal. O Skazi ainda estava tocando! Demais! Comecei a pular feito uma pipoca, tal qual o povo mucho loco que estava por lá quando caiu o MAIOR PÉ D´ÁGUA! Nem liguei! Continuei ali, enxarcada, dançando na lama com minhas botas de "Peter Pan" cor de areia... Só que a água era tanta, que as tendas pareciam que iam ceder a qualquer momento. A Kátia conseguiu me achar de novo e disse que queria ir embora. Vejam bem, não fazia nem uma hora que eu tinha entrado na Rave! Eu não queria ir de jeito nenhum... Para mim, era tudo uma festa. Além do mas, seria uma péssima idéia, pois àquela altura, o estacionamento teria virado uma lama só e todo mundo que resolvesse ir embora não conseguiria. Mesmo assim ,ela insistiu. Já estava puta da vida porque seu celular novinho havia se afogado naquela chuva. Não tive escolha, e saímos da Rave por volta das 5:30 (vamos fazer as contas? Eu tinha saído de casa há 12 horas e tudo que consegui foi ficar uma hora lá dentro!).No caminho para o carro, começamos a rir tanto daquela situação ridícula que eu comecei a ficar muito apertada e não havia mais banheiros por ali: uma vez fora da Rave, você não pode mais voltar.
O carro , obviamente estava atolado, bem como todos os "trocentos" outros que tentavam sair. Era um tal de todo mundo empurrar carro para cá e para lá, que em pouco tempo, só o que se via era um montão de gente marrom, todo mundo coberto de lama. E eu, querendo fazer xixi.
- Faz ai fora mesmo, Dani.
- Tá louca? Já está claro, não vou mijar ai fora, na frente de todo mundo!Além do mas, estou completamente molhada, com uma calça jeans skinny que não vai sair nem por decreto.
Comecei a chorar de desespero. Não tinha jeito! Aproveitei que a chuva tinha diminuido um pouco, tirei as botas, tirei as calças ( eu estava com um vestido por cima), amarrei um casaco na cintura, tirei a calcinha também, para facilitar, peguei um guarda-chuva (não sei para que!) e fui atrás de um carro... Ahhhhhh que alívio! Fiz xixi ali mesmo, em pé, na lama! Fiquei mais feliz, mas o frio lá fora estava de matar. O vento gelado na minha roupa ensopada iria fazer um belo estrago. Voltei para o carro, me segurando como podia para não cair na lama (lama escorrega feito sabão, sabia?) e seguimos para SP, finalmente! Eram 9:30 da manhã quando saímos do estacionamento! Isso mesmo, foram 4 horas tentando sair de lá. Mais umas 2 até SP, com o carro empenando e o Luiz pescando no volante. Eu e a Kátia rezando para chegármos interias.
O carro tinha lama até o teto . Eu tinha lama em cada orifício do meu corpo e não me pergunte como! Só a sujeira da minhas unhas deve ter demorado uns 2 dias para sair. Também chovia quando chegamos em SP. Todos imundos, esgotados, loucos por um banho e uma cama quentinha.
O prejuizo foi grande: o carro custou uma nota para ser limpo, a Kátia ficou sem celular e todos gastamos uma grana para nada. Se isso não foi um fiasco total, eu não sei o que seria! Grande Experience!
Nunca mais fui numa Rave, mas ao menos, ganhei uma história para contar.

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