terça-feira, 28 de agosto de 2007

O ELEVADOR




Era um dia comum, como qualquer outro. O céu estava claro e o dia quente. Decidi dar uma volta na praia, já que morava à beira-mar. Não pressenti nem por um segundo que aquele dia seria o dia mais absurdo da minha vida. Começando pelo elevador que nunca chegava e não cogitava descer os 17 andares de escada. Antes tivesse mesmo ido de escada.
Não consigo me lembrar claramente de todos os detalhes que vi, mas quando o elevador parou em meu andar, notei uma mulher caindo, se arrastando devagar pela parede do elevador.... Sua garganta tinha acabado de ser cortada e não consegui ver quem havia cometido tamanha brutalidade, mas ele me viu.
Meu primeiro reflexo foi descer pelas escadas o mais rápido possível. Não pensei em voltar para o apartamento e ligar para a polícia, não pensei em pegar meu celular, só pensei em correr e à medida que descia as escadas, podia sentir a presença do assassino se aproximando. Ouvia seus passos como se estivesse logo atrás de mim. Não sei quantas vezes cai até conseguir chegar ao andar térreo e também não havia percebido que as luzes haviam se apagado, pois o dia estava muito claro. O elevador não havia chegado e na verdade, devido ao caos que encontrei ao chegar à portaria, não percebi que todo o prédio estava sem energia. A falta de energia naquele momento era o menor dos problemas.
Aparentemente, todos os moradores resolveram sair ao mesmo tempo e pela mesma razão não conseguiram deixar o saguão: a cidade estava inundada devido a uma inversão térmica tropical (ou qualquer um desses fenômenos malucos que causam destruição por onde passam). A água tomou conta da entrada do prédio e das garagens, fazendo com que fosse impossível sair do local. Ao que parecia, todos os meios de comunicação com o mundo exterior haviam sido cortados. Estávamos ilhados num prédio de 23 andares com uma morta no elevador e um assassino entre os moradores.
Não sabia ao certo se deveria alertar as pessoas sobre o assassinato ocorrido há poucos minutos, mas mudei de idéia ao imaginar que o assassino poderia estar entre os moradores.O assassino poderia ser um de meus vizinhoas e muito provavelmente estaria armado.Não consegui tomar nenhuma atitude e sem me dar o dia passava em meio ao enorme caos que se instalara no prédio.Passei o dia tentando imaginar quem seria o tal assassino. Guardei o segredo comigo o dia inteiro e à medida que as pessoas retornavam a seus apartamentos eu me perguntava o que aconteceria quando o elevador voltasse a funcionar. Conversei com algumas pessoas, moradores que já conhecia e não notei nada de anormal, mas sabia que o assassino estava lá, pois não havia saída do prédio, não naquele dia.
Enquanto isso, num outro ponto qualquer do mundo, sem inundação ou assassinato, um psicanalista submetia sua paciente a mais uma sessão de hipnose. Dr. Meyer era especialista em casos de personalidades múltiplas tendo tratado pessoas em estágios muito avançados da doença. Seus trabalhos eram reconhecidos por toda comunidade médica devido aos resultados surpreendentes que obtia através de sua técnica. Naquele momento, estava completamente intrigado e envolvido com o caso de sua nova paciente.
Aurora era uma jovem órfã que desenvolvera uma segunda personalidade após a perda de toda família num naufrágio. Sua personalidade fora fragmentada em duas partes e a segunda pessoa se chamava Renisse.
Renisse tinha impulsos sexuais que a levavam a ter relações promíscuas enquanto Aurora era uma mulher doce, de personalidade calma e ao mesmo tempo cativante. Pelo que o doutor pôde observar nas primeiras sessões, ambas desconheciam a existência uma da outra. Aurora teria sido indicada à seus cuidados após sofrer desmaios seguidos de “brancos” na memória.Aparecia em lugares que não lembrava como chegou.
Numa das sessões anteriores, Dr.Meyer conseguiu falar com Renisse através de uma das técnicas que desenvolvera. Sabia dos riscos de trazê-la ao consultório, pois tendo ela personalidade forte e dominante, poderia querer ficar para sempre no lugar de Aurora, que por sua vez, acreditava estar se tratando para algum tipo de enxaqueca. Dr.Meyer achou mais prudente não colocá-la a par de sua situação enquanto não estivesse forte o bastante para lidar com isso.
A sessão seguiu como de costume e pela primeira vez Renisse deixou escapar que sabia da existência de Aurora. Acreditava que a outra teria sido culpada pela morte dos pais e irmãos, uma vez que a própria Aurora havia presenteado a família com um cruzeiro, pois não poderia deixar a agência onde trabalhava em plena alta temporada.
Ao mesmo tempo em que Dr. Meyer recebia a tal revelação com entusiasmo e comemorava o progresso de sua paciente, eu, em meu prédio tentava não enlouquecer com a morte no elevador.
Já era noite, todos se foram e eu simplesmente não conseguia me mover daquele maldito saguão. O medo de encontrar o assassino nas escadas me aterrorizava completamente e quando enfim eu decidi criar coragem e subir, um estrondo fez tremer todo o edifício: o elevador voltara a funcionar. Gelei. Será que o assassino sabia que a energia havia voltado? Será que ela agora jantava calmamente com sua família enquanto eu esperava pelo corpo? Será que eu deveria chamar a polícia e deixar que fizesse seu trabalho interrogando cada morador? Enquanto minhas dúvidas aumentavam, Dr. Meyer tentava fazer Aurora voltar e sabia que tão logo batesse palmas, ela iria acordar sem nenhuma lembrança do ocorrido, sem nenhuma lembrança de Renisse.
Bateu palmas... Eu acordei.
Sentimento bom de liberdade com não sentia há tempos. Dr.Meyer havia feito um excelente trabalho, mas achei que já era hora de parar.
Aurora não irá acordar. Aurora não voltará. Quando o elevador chegou ao térreo pude lembrar claramente dos detalhes que não conseguia me lembrar antes: Aurora está morta. Eu a matei. Não agüentava sua personalidade tão passiva e pacata como se nunca tivesse sofrido. Remoia por dentro a culpa e estava sempre sorrindo. Chega! Aurora se foi e agora estou livre.
Devo tudo ao Dr. Meyer, que continua me chamando pelo nome dela. Está muito satisfeito por ter curado Aurora. Ele não teria como saber.
Minha vida começa agora!

9 comentários:

Anônimo disse...

PO Dani...vou ser sincero..sabe como sou...não é?rs...é bom..mas meio forçado...dá p melhorar..bjs

Dani Marino disse...

Poxa,esse nem é o mais legal do livro,é só um!Aceito sujestões quanto às modificações!Obrigada pela sinceridade!

Anônimo disse...

Fia
Vc tem uma imaginação fantástica continue escrevendo pq eu vou falando pra todo mundo ler.Eu acho que vc precisa colocar a cronica da Vó que é demais.
Bjus

Anônimo disse...

Dani, não sei nem oq dizer, vc deve ter um QI absurdo...Amei

Anônimo disse...

que fodaaaaaa dani!!!
adorei mesmoooooo
beijos

Kate Le Fay disse...

Nossa não sabia que você tinha tanta imaginaçao! rsrsrs Demorou para escrever um livro! :) Bjos

Anônimo disse...

Dani,
Adorei o clímax do conto, só acho que no final vc apelou um pouco, mas ta muito bom.
Você sabe como sou, gosto de tudo que vc escreve, mas acho que o encerramento foi justamente aquilo que vc me falou outro dia: "previsível". Não é mesmo?
Porra, mas ta muito bom mesmo, fácil de entender e gostoso de ler.

Conselho.
Nunca pare de escrever. Aceite as críticas e, com elas, cresça.
Nem preciso falar a ti quantas eu escuto por trabalhar em TV. A vida é assim.
Então prepare-se, agora você é escritora e críticas sempre serão feitas.
Beijos de seu fã numero uno.

Anônimo disse...

Creepy!!

Anônimo disse...

Uma passagem muito bem escrita, com muita imaginação, envolvente e ao mesmo tempo curioso.

Vou adorar ler o que vem a seguir


beijão pra vc
(sou "amigo" da eliana ;D)